MÉTODO MÃE CANGURU (MMC)
Definição: O Método Mãe Canguru (MMC),
também conhecido como “Cuidado Mãe Canguru” ou “Contato Pele a
Pele”, tem sido proposto como uma alternativa ao cuidado neonatal convencional para bebês de baixo peso ao
nascer (BPN).
Implantação: Foi idealizado e
implantado de forma pioneira por Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez em 1979,
no Instituto Materno-Infantil de Bogotá, Colômbia, e denominado “Mãe Canguru” devido à maneira pela qual as mães carregavam seus
bebês após o nascimento, de forma semelhante aos marsupiais. No ano 2000, o
Ministério da Saúde do Brasil aprovou a Norma de Atenção Humanizada ao RNBP
(MMC), recomendando-a e definindo as diretrizes para sua implantação nas
unidades médico-assistenciais integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS). A
Norma do Ministério propõe a aplicação do método em três etapas,
iniciando nas unidades neonatais (unidades de terapia intensiva neonatal UTIN, e unidades de cuidados intermediários), passando às
unidades canguru (ou alojamento conjunto canguru) e, após a alta hospitalar,
nos ambulatórios de seguimento (canguru domiciliar). Na primeira etapa,
preconiza-se acesso precoce e livre dos pais à UTIN, estímulo à amamentação e
participação da mãe nos cuidados do bebê, bem como início do contato pele a
pele logo que as condições clínicas do bebê permitam. Na segunda etapa,
mãe e bebê permanecem em enfermaria conjunta, e a posição canguru deve ser
realizada pelo maior tempo possível. Os critérios de elegibilidade para a
permanência nessa enfermaria são disponibilidade materna, capacidade materna de
reconhecer as situações de risco do RN e habilidade para a colocação da criança
em posição canguru. Além disso, os bebês devem ter alcançado estabilidade
clínica, nutrição enteral plena, peso mínimo de 1.250 g e ganho de peso diário
maior que 15 g. Os critérios para alta hospitalar, com transferência
para a terceira etapa, são: segurança materna quanto aos cuidados do bebê; motivação
e compromisso para a realização do método por 24 horas/dia; garantia de retorno
à unidade de saúde de maneira freqüente; peso mínimo de 1.500 g; criança com
sucção exclusiva ao seio; ganho de peso adequado nos 3 dias que antecedem a
alta hospitalar; e condição de recorrer à unidade hospitalar de origem a
qualquer momento enquanto estiver na terceira etapa, que se encerra, em geral,
quando o peso do bebê atinge 2.500 g.
Objetivo: Era destinado a dar alta precoce para
recém-nascidos de baixo peso (RNBP) frente a uma situação crítica de falta de
incubadoras, infecções cruzadas, ausência de recursos tecnológicos, desmame
precoce, altas taxas de mortalidade neonatal e abandono materno. O novo
programa domiciliar de atenção ao RNBP era baseado nos seguintes princípios:
a) alta
precoce independentemente do peso, desde que o bebê apresentasse condições
clínicas estáveis;
b)
não-utilização de fórmula infantil, e sim apenas leite materno;
c) incentivo
ao contato pele a pele precoce entre mãe e bebê, sendo o mesmo colocado entre
as mamas; e
d)manutenção
do bebê em posição vertical. Essa iniciativa contou com o apoio do Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o qual divulgou amplamente seus
resultados, especialmente no tocante à redução da mortalidade, aos benefícios
psicológicos e ao baixo custo.
Resultados: Apesar dos questionamentos
acerca das vantagens do MMC, que surgiram em função da não-comparação desses
resultados iniciais com resultados obtidos em um grupo controle, vários países
europeus adotaram a prática, e suas pesquisas confirmaram em grande parte os
achados iniciais. Ao longo das últimas décadas, diversos serviços adotaram o
MMC, em países desenvolvidos e em desenvolvimento, mostrando possibilidades de
adaptação da proposta em diferentes contextos de acesso à tecnologia na
assistência neonatal. Os autores concluem que, embora o MMC pareça reduzir a
morbidade infantil, as evidências são ainda insuficientes para que o método
seja recomendado rotineiramente, pois alguns questionamentos feitos acerca da
metodologia dos ensaios incluídos enfraquecem a credibilidade dos achados.
Apontam também a necessidade de realização de mais experimentos randomizados,
controlados e bem desenhados. Por outro lado, os mesmos autores reconhecem que
não existem relatos sobre efeitos deletérios da aplicação do MMC. Recentemente,
estudo randomizado controlado realizado em dois hospitais na África do Sul
mostrou que bebês submetidos ao contato pele a pele alcançaram melhores resultados
na estabilização fisiológica quando comparados a bebês que permaneceram em
incubadoras.
Considerações finais: O MMC no Brasil,
ou Atenção Humanizada ao RNBP, fundamenta-se no processo de desenvolvimento
contínuo do bebê e introduz algumas possibilidades de entendimento da
assistência neonatal em um contexto mais amplo, propondo o resgate dos
conhecimentos fisiológicos, psicológicos e neurológicos do ser humano e levando
em consideração o indivíduo por completo. Acrescenta substratos baseados no
desenvolvimento neuropsicoemocional, contribuindo, assim, para uma atenção
equilibrada às necessidades do bebê e de sua família.
Referências
VENANCIO, S I;
ALMEIDA, H. Método Mãe Canguru:
aplicação no Brasil, evidências científicas e impacto sobre o aleitamento
materno. Artigo de Revisão, Jornal de Pediatria, - Vol. 80, Nº5(Supl), 2004.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/jped/v80n5s0/v80n5s0a09.pdf>
Acadêmicas: Anne Caroline Hungaro, Beatriz Zampar, Natasha Lure, Patrícia Rechetello, Vanessa Lange
Acadêmicas: Anne Caroline Hungaro, Beatriz Zampar, Natasha Lure, Patrícia Rechetello, Vanessa Lange
OBS: Para os que quiserem saber mais sobre o tema, este artigo de revisão do MMC publicado no Jornal de Pediatria tem ainda mais dados interessantes sobre os resultados do MMC em diversos países.
ResponderExcluirMétodo mais que barato e eficaz, só fiquei com uma dúvida acerca da aplicação desse método em nossa cidade. E se não é aplicado ainda, está aí uma boa idéia para nós, que começaremos logo logo a ter contato mais próximo com a pediatria!
ResponderExcluirAcho muito legal, mas tenho pouco contato com neonatalogia ainda pra saber se é usado em Ponta Grossa ou não. Acho uma boa linha de pesquisa, avaliar os resultados em recém-nascidos que foram 'submetidos' ao método e nos que não foram. Bem, embora faltem estudos, como disse na postagem, mal não faz! E se a gente grande gosta de um carinho de mãe, imagine um recém nascido!
ResponderExcluirO Método Mãe Canguru é muito mais do que a posição vertical em que o bebê prematuro permanece “amarrado” ao corpo da mãe. É um tipo de humanização e assistência neonatal que implica no contato precoce pele a pele entre mãe e o bebê prematuro, pelo tempo que quiserem. Saibam que não só a mamãe participa; o papai também pode entrar nessa. Esse tipo de humanização oferece ao bebê uma vivência da passagem da vida uterina para a extra-uterina, aumentando muito o vínculo entre pais e bebê. E esse vínculo deixa o bebê mais seguro, proporcionando mais confiança aos pais no manuseio do seu filho. O Método aproxima os pais do bebê. É uma relação importante para o desenvolvimento completo do bebê que veio antes ao mundo. O “Mãe Canguru”, além de ser um gesto mais do que carinhoso, estabelece maior apego, segurança, incentivo ao aleitamento materno e melhor desenvolvimento da criança, evitando infecções hospitalares.
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