quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Análise e discussão dos casos traçadores


Quando se analisa uma situação, nas ciências sociais, políticas ou biológicas, que costuma ser bastante ampla – tanto nos estudos quantitativos quanto nos qualitativos - às vezes fica dificultado o estudo de todos os seus componentes detalhadamente. Para facilitar esta análise, sem perder em veracidade, podem ser escolhidos casos traçadores, o que seria uma forma de, pelo estudo de casos selecionados, extrair informações do retrato de toda uma situação maior.

Desta forma, os casos traçadores permitem avaliar, na prática, como funcionam determinados conceitos teóricos relacionados a fenômenos complexos como os da área da saúde, por exemplo. Este acompanhamento se traduz em benefício, uma vez que nesta área em específico (assim como na da educação) muitas vezes os profissionais contam com um alto grau de autonomia e a parte prática de determinados conceitos teóricos nem sempre condiz com sua idéia inicial.

Traçadores configuram-se como uma estratégia de investigação utilizada tanto em estudos quantitativos (por exemplo, marcadores biológicos, marcadores clínicos) como em estudos qualitativos tanto em ciências sociais e políticas quanto nas áreas de educação e saúde. Casos traçadores podem ser desenhados prospectivamente - determinados antes de um evento social, político, educacional (ou outro qualquer) para que se os acompanhe durante o desenvolver do evento - ou identificados retrospectivamente (como marcadores para analisar processos de cuidado, de mudança ou educacional). Dependendo do marcador, observam-se diferentes tipos de atuação da equipe, diferentes configurações de interação entre os trabalhadores e dos trabalhadores com os usuários, diferentes repertórios tecnológicos, diferentes arranjos organizacionais.

Sua função está relacionada à integração da produção em saúde, através de projetos de saúde coletiva para grupos mais vulneráveis. A seguir, seguem-se alguns exemplos de estudos que utilizaram a metodologia de caso traçador:

a)SILVA, K.L. et al.: “Atenção domiciliar como mudança do modelo tecnicoassistencial” – Estudo qualitativo que abordou quatro serviços ambulatoriais de atenção domiciliar da Secretaria Municipal de Saúde e um hospital filantrópico de Belo Horizonte. A obtenção de dados se deu por entrevistas com gestores e equipes dos serviços, análise de documentos e acompanhamento de casos por meio de entrevistas a pacientes e cuidadores.
b)JORGE, A.O. et al. Tese de doutorado: “A gestão hospitalar sob a perspectiva da micropolítica do trabalho vivo” – pesquisa o processo de gestão no interior do hospital das clínicas da UFMG, a partir da centralidade dos cuidados em saúde.
c)CARVALHO, L.C. et al. Dissertação de mestrado: “A disputa de planos de cuidado na atenção domiciliar” – A metodologia de caso traçador foi utilizada com o objetivo de observar mais atentamente a micropolítica do trabalho em saúde na produção do cuidado de um usuário.
Assim sendo, percebe-se que a utilização de caso traçador como metodologia de um estudo está intimamente relacionada e é de grande valia ao delineamento de estudos em Saúde Coletiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. HULLEY, S.B. et al. Delineando a pesquisa clínica: Uma abordagem epidemiológica. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2008.
2. ROUQUAYROL, M.C. et al. Epidemiologia & Saúde. 6ª edição. Belo Horizonte: Medsi, 2003.
3. SILVA, K.L. et al. Atenção domiciliar como mudança do modelo tecnicoassistencial. Rev Saúde Pública 2010;44(1):166-76.
4. JORGE, A.O. et al. A gestão hospitalar sob a perspectiva da micropolítica do trabalho vivo. Campinas: UNICAMP / Faculdade de Ciências Médicas, 2002.
5. CARVALHO, L.C. et al. A disputa de planos de cuidado na atenção domiciliar. Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2009.



Acadêmicos: Alexandre B. Merlini, Henrique A. Hoffmann e Lucilene F. da Silva

3 comentários:

  1. O que poderia auxiliar na pesquisa de casos traçadores é a diferenciação entre programa de saúde da família (PSF) e equipes de atendimento domiciliar específicas, e que estas não fossem vinculadas ao PSF, que têm como função abranger áreas de grande demanda de atividades.

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  2. Isso é muito legal porque tem aplicabilidade, como mostrado nos três relatos acima.

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  3. Os casos traçadores, são uma importante ferramenta que ajuda a desenhar o perfil de saúde. Como disse a Taiza pode ser aliado do PSF.

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