quarta-feira, 23 de novembro de 2011

EVENTO SENTINELA E INCIDENTE CRÍTICO

EVENTO SENTINELA E INCIDENTE CRÍTICO

Evento sentinela define-se como sendo a ocorrência de uma doença previsível, a incapacidade ou óbito inesperado, que serve como alerta de que as ações do serviço de saúde estão, de alguma maneira, debilitadas, podendo ser de ações preventivas ou até mesmo de atendimento1. Os procedimentos corretos para estas ocorrências é a notificação dos órgãos competentes, para que ações possam ser tomadas a título de investigação e futura prevenção destas ocorrências.

Incidentes críticos por sua vez, são definidos por todo evento observado, que apresenta um caráter não comum em relação ao desenvolvimento normal conhecido2. Desta maneira, podemos caracterizar um erro operacional médico como sendo um incidente crítico, mesmo não tomando as consequências possíveis ou corrigidas em tempo.

As redes de assistência a saúde tem como um de seus objetivos coordenar o cuidado, e para tanto deve se ater no atendimento dos seguintes casos: gestão das listas de espera (encaminhamentos para consultas especializadas, procedimentos e exames), prontuário eletrônico em rede, protocolos de atenção organizados sob a lógica de linhas de cuidado, discussão e análise de casos traçadores, eventos-sentinela e incidentes críticos, dentre outros3.

O levantamento, notificação e investigação de eventos sentinelas e incidentes críticos tem suma importância para adoção de medidas de controle de doenças graves que exijam uma atenção hospitalar específica ou de ações e procedimentos operacionais futuros, visando à minimização da ocorrência4.

Um exemplo de evento sentinela é a queda de idosos. No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano, o que significa que há reincidência5. As quedas ocorrem devido à perda de equilíbrio postural, que pode ser indício de problemas primários do sistema osteoarticular ou neurológico ou de uma condição clínica que afeta secundariamente os mecanismos de equilíbrio6. A prevenção das quedas diminuem a morbidade e a mortalidade, reduzindo os custos hospitalares e o asilamento destes idosos. A partir da observação desse evento sentinela, programas de prevenção podem ser elaborados com o intuito de melhorar a saúde e a qualidade de vida do idoso6.

Outro exemplo, desta vez de incidente crítico, são os acidentes de trabalho, no período de 2000 a 2006, o Paraná registrou a ocorrência de 213.036 acidentes de trabalho e 1.572 óbitos, segundo dados do Anuário Estatístico da Previdência Social(7-8). A cidade de Ponta Grossa ocupa a 3ª colocação neste ranking, perdendo apenas para Paranaguá e Região metropolitana de Curitiba(7-8). É importante ressaltar que estes dados se referem apenas aos trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Existe, portanto, uma grande sub-notificação dos acidentes de trabalho(7-8), que pode ser evidenciada através da comparação do registro dos acidentes de trabalho e causa da morte preenchida no atestado de óbitos(7-8).

Como podemos evidenciar acima, muito há o que se fazer ainda em termos de prevenção, para que haja um maior nível de qualidade na assistência na saúde pública.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- Hartaz, Zulmira M. A.; Champagne, François; Leal, Maria do Carmo; Contandriopoulos, André-Pierre. Mortalidade infantil "evitável" em duas cidades do Nordeste do Brasil: indicador de qualidade do sistema local de saúde. Rev. Saúde Pública vol.30 no.4 São Paulo; 1996. [acesso em 2011 Nov 20] Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101996000400004

2- Penteado, Eliane Villas Bôas de Freitas. Tuberculose no ambiente hospitalar: uma questão da saúde do trabalhador. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 1999. 124 p. [acesso em 2011 Nov 20] Disponível em: http://portalteses.icict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_chap&id=0 0006901&lng=pt&nrm=isso.

3- BRASIL. Portaria Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). [acesso em 2011 Nov 20] Disponível em: http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/gm/110154-2488.html

4- Teixeira, Maria da Glória; Barreto, Maurício Lima; Costa, Maria C.N.; Strina, Agostino; Martins Jr., David; Prado, Matildes. Áreas sentinelas: uma estratégia de monitoramento em Saúde Pública. Epidemiol. Serv. Saúde v.12 n1, Brasilias. 2003 [acesso em 2011 Nov 20] Disponível em: http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-097420030001 00003&lng=pt.

5- PUC – Rio. Certificação digital 0510330 / CA. Estatísticas de queda de idosos no Brasil. Disponível em http://www2.dbd.puc-rio.br/ pergamum/tesesabertas/0510330_07_cap_06.pdf

6- Buksman S, Vilela A.L.S., Pereira S.R.M., Lino V.S, Santos V.H. Quedas em Idosos: Prevenção. Projeto Diretrizes, Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. 2008 [acesso em 2011 Nov 20] Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/082.pdf

7- Secretaria de Estado da Saúde do Paraná - Plano Estadual de Saúde – 2008/ 2011

8- Secretaria de Estado da Saúde do Paraná - Plano Estadual de Saúde - 2002

2 comentários:

  1. Como evento sentinela podemos citar o óbito infantil por distúrbios diarréicos, demonstrando uma capacidade insuficiente das ações em saúde em preveni-las e abordá-las adequadamente.

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  2. Creio que para evitar eventos sentinelas e incidentes críticos, seria necessário uma abordagem ampliada da pessoa que sofreu algum acidente. No primeiro exemplo citado no texto, um idoso que mora sozinho ou então, a família que trabalha o dia todo, seria interessante uma abordagem com os olhos da clínica ampliada, pois a discussão entre diferentes profissionais poderia, de maneira facilitada, resolver o problema específico dessa pessoa.
    No segundo exemplo, seria interessante a intervenção do setor da saúde nas empresas para a conscientização dos gestores da segurança do trabalho a fim de proporcionar e exigir o uso de EPIs.

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